O reverendo Martin Luther King Jr. dizia que não se assustava com o grito dos violentos, mas se preocupava com o silêncio dos bons.
O PV da cidade de José de Freitas nos últimos meses tem recebido novos filiados que são motivos de orgulho, pois trazem para a velha política não apenas a sua juventude, mas, principalmente, o que o povo mais precisa: vontade de mudar.
Entre estes jovens, destaco o “Marquin do Frango”, que por falta de oportunidade ou mesmo por ausência de afinidade, não seguiu a instrução a uma cátedra universitária. Porém, como um grande ser convicto de seus valores, sabe que um homem se faz pelo trabalho e com a contribuição social que pode prestar. Não faz como muitos, que devido ao desprezo pelo estudo, deixam-se levar pela vaidade, entregando-se ao vício, ao ócio descompromissado ou à marginalidade, simplesmente por vergonha do trabalho físico que, segundo a Constituição, tem o mesmo valor que o trabalho intelectual, sendo proibida qualquer distinção ou discriminação (art. 7º, XXXII).
Marquin é um jovem atuante perante o partido, curioso e observador, tem demonstrado ter sua própria concepção política, principalmente sobre o comércio e o turismo local. Ele é como muitos jovens que, Brasil afora, trabalham lavando e vigiando carros, vendendo CD, entregando pães nos comércios, sendo garçons na noite: “heróis brasileiros”…
Que todos os dias tem o grande desafio de viver honestamente com o pouco que ganham de modo digno.
Marquin é exemplo a ser seguido por muitos jovens, pois simboliza a ideia de que o suor do trabalho é sagrado e em nada é vergonhoso. Afinal, o que importa ao trabalho, seja ele físico, intelectual ou artístico, é que tenha alguma contribuição à sociedade.
Em recentes dias, um vereador o impediu de tirar fotos dentro da Câmara Municipal,”nem lhe conheço, como é que você vem tirar foto aqui?”
O interessante é que eu não sabia que para entrar e fotografar dentro da “Casa do Povo” precisava ter algum conhecido por lá.
A que ponto chegamos, um jovem, querendo mostrar para a população como trabalham os legisladores municipais e vendo que uma sessão ordinária não iria acontecer, “por problemas técnicos” é proibido e barrado por não ser “conhecido” do nobre edil?!
Imagine o que seria você chegar ao estabelecimento do Marquin e ouvir do mesmo que não tem frango assado devido a “problemas técnicos”. Absurdo, não? Como é que alguém trabalha em um ramo e não consegue cumprir com seu ofício por “problemas técnicos”? Para se ter um ofício, é necessário a técnica, ou não?
No dia em que Marquin não conseguir ofertar seu frango por “problemas técnicos”, com certeza muita gente vai ficar incomodada ou prejudicada. Porém, a suspensão dos trabalhos dos nobres vereadores que acontece apenas uma única vez por semana, e ainda por cima, à noite, não oferece nenhum incômodo à população.
Nobre edil, espero que leia este humilde texto, e saibas a partir de agora, a nobreza da pessoa que o senhor destratou. Pois ele é como muitos, que todos os dias acordam cedo, trabalham o dia inteiro, e ao final do dia, quando encostam o corpo cansado na cama, tem a certeza de que cumpriram o seu dever: ajudaram de alguma forma a sociedade com a pequena contribuição de seu labor.
Charles Chaplin certa feita disse: “fui e sempre serei um palhaço e isso me coloca numa categoria acima de qualquer político”.
Nobre vereador, essa categoria é a dos trabalhadores. Pois até mesmo um palhaço é trabalhador, e dos bons. Qual a sua contribuição social?
É o palhaço que nos oferece, de modo sadio, um pouco de fuga da realidade. Ele nos oferta o riso para, pelo menos, por alguns instantes esquecermos que somos esquecidos e desprezados, que trabalhamos duro todos os dias para com um mísero estipêndio pagar nossos pesados impostos e viver de modo limitado, porém honesto, sem saúde, sem educação e sem segurança entre tantos outros serviços públicos que nos são mal retribuídos.
O que faz um homem que não tem nada, aceitar a lei de um pequeno grupo que tem tudo?
O cidadão Marquin merece respeito, pois ele deve ser referência e exemplo a ser seguido, para muitos jovens, que na droga, no crime ou na desocupação não abraçam um ofício por achar vergonhoso o trabalho físico.
Pessoas como ele é que merecem prêmios e láureas, pois são heróis brasileiros que matando o seu leão cotidiário constroem esse país.
Contudo, Marquinho não pode receber o mérito do renascença, maior honraria do estado, porque não é rico, não é “intelectual de óculos e terno”, não fez um jingle de campanha (nem mesmo um molim), não é escudeiro fiel de político poderoso.
Ele é apenas um, como tantos, que todos os dias podem dizer algo proibido a muitos políticos: meu trabalho é útil e eu sou honesto.
Caro vereador, por favor, receba com mais respeito da próxima vez o nosso amigo Marquin. Pois neste texto, eu fiz questão de repetir seu nome e seus atributos, para que o senhor não diga mais que não o conhece. Assim, ouça o que ele tem a dizer, sorria para a sua foto e, se possível, prove do seu frango assado, que é muito gostoso.
(Por Márcio Melo, professor da Rede Pública Municipal de Teresina e acadêmico de Direito)
3 Comentários
Muito obrigado meu amigo Márcio, por este belíssimo artigo. Quero lhe dizer que pessoas como você é que me fazem acreditar em uma política séria, num país melhor para todos, em especial José De Freitas, cidade na qual eu fui criado a vida inteira e me orgulho disso. Meu amigo, não uso de demagogia para dizer que amo minha cidade e que precisamos de imediato mudar esta edícula, de grande importância para o desenvolvimento de nossa município. Pena que nossos vereadores não usem da edilidade para beneficiar nossa população, pois sim para sí mesmos. Já é tempo de mudar, vamos tirar esta praga de gafanhotos de dentro da casa do povo (Câmara Municipal), pois eles acham que são os donos, mas na verdade não agem como se fossem, pois não zelam por ela, casa esta que deveria ser tratada como igreja (casa de Deus), pois na igreja buscamos o caminho da vida eterna, caminho este que encotraremos promovendo o bem comum para todos. Este é o verdadeiro propósito de uma câmara municipal.
Tive o prazer de conhecer Marquim do Frango e compartilho do pensamento do Márcio.
O Marquinho do frango é a fórmula da disposição, da coragem, do trabalho e companheirismo. Abraço velho Marquinho